Diarreia e sangramento retal estão entre os principais sintomas da colite ulcerativa
De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as doenças intestinais afetam mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, o número de pacientes aumenta a cada ano, sendo a maioria deles diagnosticados com doença de Crohn e colite ulcerativa.
A colite ulcerativa é uma doença intestinal inflamatória crônica caracterizada pela inflamação e ulceração da camada que reveste internamente o intestino grosso. Ainda que o problema possa se manifestar em qualquer idade, a incidência é maior em adolescentes e jovens adultos com idade entre 14 e 24 anos.
Causas da colite ulcerativa
As causas da colite ulcerativa não são conhecidas. Ainda assim, fatores hereditários estão relacionados à ocorrência dessa condição. Dessa forma, pacientes diagnosticados costumam ter familiares com histórico de colite ulcerativa ou doença de Crohn.
Além disso, também se acredita que a colite ulcerativa seja resultado de uma resposta imunológica intestinal exagerada. Isso significa que o sistema imunológico parece atacar o revestimento do intestino, o que leva à inflamação e à formação de úlceras, que são lesões.
Quais são os sintomas de colite ulcerativa?
Os sintomas da colite ulcerativa são manifestados em crises, que podem ser repentinas, assim como leves ou violentas. Esses episódios costumam se desenvolver gradualmente, evoluindo por dias ou semanas, desaparecendo e retornando a qualquer momento. Os principais sinais das crises são:
Diarreia
A diarreia é um dos principais sintomas de colite ulcerativa, em que há a presença de sangue e, em alguns casos de infecção, muco. A frequência das evacuações aumenta durante as crises e a diarreia costuma acontecer a qualquer hora do dia e da noite. Como resultado, o paciente sente desconfortos, sofre com a desidratação e tem dificuldades para dormir.
Dor abdominal e cólicas
Dores abdominais e cólicas também estão presentes em episódios de colite ulcerativa. A dor pode variar em intensidade e em duração, podendo ser intermitente ou ocorrer em espasmos. Alguns pacientes sentem incômodos em alguns pontos do abdômen; outros, em toda região abdominal.
Urgência fecal
A urgência fecal é uma sensação de necessidade abrupta e intensa de evacuar, sem conseguir aguardar. Essa vontade difícil de controlar pode surgir mesmo quando não existem muitas fezes no intestino. A urgência provoca incômodos e ansiedade nos pacientes com colite ulcerativa.
Sangramento retal
O sangramento retal é frequente na colite ulcerativa, surgindo como sangue vivo nas fezes ou como manchas no papel higiênico. A intensidade varia, podendo o sangramento ser significativo e persistente. Frequentemente, esse sinal acompanha a crise de diarreia.
Perda de peso
Existem vários motivos para a perda de peso estar associada à colite ulcerativa. Além da diarreia causar a perda de líquidos e nutrientes essenciais, a inflamação no intestino interfere na absorção de nutrientes provenientes dos alimentos. Além disso, como a evacuação se intensifica após as refeições, é comum que os pacientes evitem se alimentar, consequentemente emagrecendo.
Fadiga
A fadiga é consequência da colite ulcerativa, uma vez que essa doença pode levar à desnutrição, à perda de sangue e a problemas de sono. Somente o controle da doença reduz o risco de desenvolvimento de anemias e dos outros incômodos que provocam a fadiga.
Febre
A febre em episódios de crise da colite ulcerativa pode indicar complicações, como infecções. Febre alta, persistente e associada a dores requer auxílio médico para o início imediato do tratamento. A medicação depende do quadro clínico do paciente.
Anemia
A anemia é consequência da deficiência de glóbulos vermelhos saudáveis para transportar oxigênio para os tecidos do corpo. Portanto, ela surge como resultado do sangramento retal persistente ou até mesmo da dificuldade de absorção de nutrientes necessários para a produção de glóbulos vermelhos.
Tenesmo
Tenesmo, que é mais um dos sintomas de colite ulcerativa, é caracterizado pela sensação de vontade intensa de evacuar ou de defecação incompleta. Nessas situações, o paciente também sente desconfortos e pressão na região abdominal, pélvica e retal.
Como o diagnóstico é realizado?
O diagnóstico da colite ulcerativa parte das queixas do paciente. O médico costuma solicitar a avaliação das fezes para descartar outras patologias e identificar o grau de inflamação. A confirmação da doença é feita por meio da sigmoidoscopia. Nesse exame, um tubo de visualização é introduzido no reto para a observação direta do intestino.
Além de visualizar, o médico pode coletar amostras de muco ou de fezes para análise, assim como retirar amostras de tecido para biópsia. Ainda que o paciente não esteja em um episódio de crise de colite ulcerativa, é provável que o intestino não tenha um aspecto normal, o que facilita o diagnóstico de inflamação crônica por meio das amostras.
Tratamento para colite ulcerativa
O tratamento da colite ulcerativa depende dos sinais apresentados e da extensão da inflamação. No geral, o objetivo é controlar a inflamação, amenizar os sintomas e repor líquidos e nutrientes perdidos. Dessa forma, as opções são:
- Controle de dieta;
- Anti-inflamatórios;
- Corticosteroides;
- Imunomoduladores;
- Agentes biológicos;
- Cirurgia.
Quando a cirurgia é indicada?
A cirurgia é o tratamento indicado para os casos graves de colite ulcerativa, que não surtem efeito com os medicamentos, e para os quadros de complicações, como hemorragia grave e perfuração intestinal. Se o paciente sente efeitos colaterais significativos dos remédios utilizados, também pode ser preciso recorrer à cirurgia.
A qualidade de vida é um fato importante no tratamento da doença. Casos em que o paciente é impactado em sua rotina, mesmo sob medicação, sinalizam a possibilidade de uma intervenção cirúrgica. Portanto, a necessidade é avaliada de acordo com a gravidade da doença e as especificidades de cada indivíduo.
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Fontes:
Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP)
Ministério da Saúde