Saiba quais são os tipos, sintomas, diagnóstico e tratamentos possíveis
Estima-se que a incidência anual de tumores do fígado e vias biliares como um todo seja entre 0,35 e 2 casos a cada 100 mil habitantes, entre os países ocidentais. No Brasil, não existem estatísticas para esses tipos de tumor, mas sabe-se que eles são mais comuns em pessoas de 60 a 70 anos.
As vias biliares são pequenos ductos responsáveis pela eliminação da bile, substância produzida pelo fígado, até o intestino, onde vai ajudar no processo de digestão.
Esses ductos vão se juntando por um sistema de canais que ficam cada vez mais largos, até formar um ducto principal na região fora do fígado. A vesícula biliar tem a função de acumular a bile e eliminá-la em maior quantidade durante a digestão.
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Quais são os tumores das vias biliares
Dentre os tumores do fígado e vias biliares, os mais comuns são o colangiocarcinoma e o hepatocarcinoma.
Colangiocarcinoma
O colangiocarcinoma é o tipo de tumor que mais frequentemente acomete as vias biliares. Esse tipo de câncer começa nas células glandulares e se desenvolve no tecido que reveste toda a via biliar. Ele é denominado de acordo com a localização das vias biliares acometidas, podendo ser intra-hepático (que se desenvolve dentro do fígado) ou extra-hepático (fora do fígado).
É responsável por 5% dos casos de tumor primário do fígado e ocorre geralmente entre a sexta e a sétima década de vida. Dentre as causas mais prováveis para o surgimento do colangiocarcinoma estão os cálculos biliares (como a colelitíase e hepatolitíase), pólipos na vesícula biliar, tabagismo, obesidade, colangite esclerosante primária, cistos de colédoco e infecção das vias biliares por parasitas.
Hepatocarcinoma
O hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular é o tumor maligno primário mais frequente no fígado, ocorrendo em cerca de 80% dos casos. É três vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Cerca de 50% dos pacientes com hepatocarcinoma apresentam cirrose hepática, que pode estar associada ao alcoolismo ou hepatite crônica, doenças que estão relacionadas ao desenvolvimento de câncer de fígado.
Há ainda a possibilidade dos tumores do fígado e vias biliares terem origem metastática, ou seja, serem consequência de um câncer que se originou, na maioria das vezes, no intestino, o chamado câncer colorretal, pois o fornecimento de sangue a partir do intestino está ligado ao fígado através da veia porta. Estima-se que 23% dos casos novos de pacientes com câncer colorretal apresentam-se já com metástase no fígado. Os cânceres de mama e de pâncreas também podem causar metástases hepáticas.
Quais os sintomas de tumores nas vias biliares?
Geralmente, os sinais e sintomas dos tumores do fígado e vias biliares só aparecem nos estágios mais avançados da doença. O sintoma principal é a icterícia, que causa uma coloração amarelada na pele e nos olhos devido ao acúmulo de bilirrubina, substância contida na bile.
Outros sinais e sintomas mais frequentemente relatados por pacientes com tumores do fígado e das vias biliares são:
- Urina de cor acastanhada;
- Febre;
- Náuseas e vômitos;
- Dor no abdômen;
- Perda de peso sem causa aparente;
- Fezes esbranquiçadas;
- Coceira no corpo;
- Desconforto no estômago.
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Como é feito o diagnóstico?
Os exames de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, têm um papel importante no diagnóstico dos tumores do fígado e vias biliares.
A colangiorressonância, um tipo específico de ressonância, pode ser utilizada para estudar melhor a anatomia da via biliar e identificar pontos de obstrução que estão impedindo o fluxo de bile. Além disso, o diagnóstico de tumores de fígado e vias biliares pode ser realizado por exames endoscópicos, como a colangiografia percutânea retrógrada endoscópica e a ultrassonografia endoscópica.
Os tumores do fígado e vias biliares também podem produzir substâncias que podem ser detectadas na corrente sanguínea, chamadas marcadores tumorais. Elas ajudam no diagnóstico e estadiamento da doença para entender o grau de avanço dos tumores, além de detectar recidivas (quando o câncer volta após ser operado) ou monitorar a efetividade do tratamento.
A biópsia do tumor não é indicada de rotina. Nos casos em que é recomendada, é realizada de forma percutânea, por meio de uma agulha introduzida pela pele até chegar ao tumor. Pode ser feita através de ecografia ou tomografia.
O câncer das vias biliares tem cura se for diagnosticado precocemente. Porém, sua evolução é muito rápida e em geral o paciente só o descobre quando está em estágio avançado.
Como é o tratamento?
O tratamento varia de acordo com a localização e extensão do tumor. Nas fases iniciais, quando a doença é considerada localizada e ressecável (o tumor pode ser removido), o tratamento de escolha é a cirurgia. Cada cirurgia deve ser planejada caso a caso, avaliando-se as condições de saúde do paciente, doenças associadas, extensão da doença e possíveis riscos.
O principal objetivo da cirurgia é a ressecção dos tecidos afetados pelos tumores do fígado e vias biliares. Além dos ductos afetados, a remoção também pode contemplar os tecidos adjacentes. Em alguns casos em que o tumor também atinge o fígado, pode ser necessário realizar a hepatectomia parcial; e em casos selecionados, até transplante de fígado.
A cirurgia pode ser realizada por via aberta convencional. No entanto, os métodos minimamente invasivos são mais modernos e seguros. Na videolaparoscopia, os instrumentos cirúrgicos são inseridos, juntos a uma câmera, através de incisões de cerca de 1 cm. Na cirurgia robótica, que é uma evolução da videolaparoscopia, o cirurgião opera uma plataforma robótica com melhor visão, precisão e menor sangramento.
Atualmente, podemos empregar vários tipos de procedimentos como quimioembolização e ablação de lesões menores. Comumente, esses procedimentos podem ser realizados em conjunto com o tratamento cirúrgico. Cada caso deve ser avaliado de forma multidisciplinar em conjunto com a oncologia clínica e equipe cirúrgica experiente.
De acordo com o caso, o médico pode indicar tratamentos adjuvantes, que são aqueles complementares realizados antes ou depois da cirurgia, como citamos acima . E também pode ser utilizada a quimioterapia, a quimioterapia combinada com radioterapia, nova intervenção cirúrgica em caso de resíduos tumorais ou exclusivamente acompanhamento médico.
Quando os tumores são considerados inoperáveis, como aqueles em estágio III, pode ser indicada a drenagem das vias biliares para restabelecer o fluxo da bile. O procedimento pode ser feito via endoscopia, com colocação de stent, percutânea (com uma agulha ou cateter) ou cirúrgica.
Esse procedimento também será seguido de tratamento complementar com quimioterapia combinada com radioterapia, quimioterapia isolada ou apenas acompanhamento médico.
Já no caso dos tumores de fígado e vias biliares metastáticas em que se for constatado que os tratamentos já mencionados não terão efeito regressivo, o tratamento é paliativo. As opções são quimioterapia ou exclusivamente acompanhamento médico.
Como pode ser notado, os tumores de fígado e vias biliares, dependendo do estadiamento, são casos complexos, em que temos vários tipos de tratamentos que podem ser realizados, particularizando a conduta para cada paciente, sempre de forma multidisciplinar.
Para saber mais sobre tumores de fígado e vias biliares, entre em contato agora mesmo e agende uma consulta com o Dr. Wilson Martinuzzo.
Fontes:
Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas